segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Smack my Bitch Up

Dois segundos. Três minutos. No momento, a cena que se repete:
na sua mão, na sua perna, minha mão, estendido na cama, meu corpo no seu corpo, minha pele na sua língua no meu corpo dentro do seu. Meus dedos no seu cabelo no meu rosto no seu peito na minha boca mordendo sua perna no meu lábio a sua mordida no meu braço. Ali dentro, meu corpo, dentro de você, você dentro de mim. O calor dos seus poros esquentando meu rosto com seu beijo nas minhas costas viradas para você sobre meu corpo pesando a cama balançando. Dois ou três. Ali, aqui. Fora e dentro. Eu sei saber onde estou. Peço para continuar. Peço para não terminar. Entrelaço meus dedos no seu cabelo escuro, me envolvo no seu suor dentro de mim como se...O suor que escorre da sua teste e pinga no meu peito roçando no meu pé contraído de prazer. Sua boca, seu sabor por dentro e por fora. Antes e depois. Segundos. Horas. Ali e aqui.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Note

"Eu abri o livro. Aquele mesmo livro que vocÊ me deu tempos atrás. Entre as páginas, ainda novas, um bilhete seu. Uma vontade minha de correr por onde eu jamais tentei ir. Aquele bilhete. Encontrei naquela noite a simples vontade de ter você entre o meu corpo e o espaço que o habita hoje. Como sempre fazíamos. O amor em troca do sexo. O amargo sabor daquilo que ficou à frente de nossos desejos. Um dia fomos intensos como raios solares, como raios na tempestade. Um dia, sonhadores, matamos, como diria a letra, a sede na saliva. O que era de nós, restou naquele bilhete antigo. No meio daquelas páginas intocadas, eu vi o que fomos um dia. Troquei o vaso de flores do corredor. No lugar, plantei flores artificiais como se eu quisesse entregar àquelas flores um sentido de imortalidade; assim, como na memória guardada. A finco eu estranhei quando minhas mãos tocaram meu corpo procurando um pouco daquilo que tinha na sua pele. Será que era o cheiro? Todas as vezes em que você trepava. É, talvez o sentido seja lembrar sempre. A trepa e o bilhete. Isso tudo é a fúria de um dia, de duas noites, de uma saudade ou de um verdadeiro gozo; puro prazer. E por que diabos fui abrir aquele livro escondido? Eu queria, breve, saber se ainda tinha um pedaço de vocÊ naquelas páginas. Encontrei o bilhete e o esfreguei entre as pernas, deitei as costas nele, amassei as portas com os pés e, por fim, mastiguei o bilhete como se ele fosse a sua boca. Deixei cair no resto de você dentro de mim. Sim, aquele era o bilhete. O que mais eu deveria fazer? A lembrança de uma trepada por cima do piano, entre a mesa de trabalho e a cozinha. E por que diabos fui abrir aquele livro?"

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Glory Box

De uns tempos pra cá, vem aquela vontade de sentir-se pela pele. A pele como instrumento do viver, da intensidade que recobre a carne e provoca sensações. Aquilo que vem como força, impulsos elétricos e leituras de Miller, o pai da sensação. Digo, de tempos em tempos, vem essa vontade quase como o corpo se tornasse fúria; a cria da revolta e apenas poucas palavras para calar.
De uns tempos pra cá, me veio a sensação de experimentar o corpo, na explosão, na manifestação do sexo. Descobrir a pele, enxergar o sangue correr, como se fosse assim mesmo a velocidade do prazer.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Too Young

a vontade de escrever, mesmo que pouco, linhas plausíveis. um pouco monstruoso. virando a esquina, eu me vi diante daquela estátua longa e esculpida. De súbito me veio a vontade de escrever, mesmo que pouco, algumas palavras que pudessem fazer sentido. mesmo que só para mim, o sentido do outro de alguém, de mim mesmo.
poucas palavras.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

The New, the old, the best and the worst

É clichê. Falar do que passou, falar do que foi ruim e pensar que a virada do calendário mudará o curso das coisas. No ano que demorou a passar, seria clichê dizer que tudo mudou e que as coisas vão melhorar. A folhinha virou, a data foi riscada e mudamos o número do ano. Estamos, enfim, em 2008. Sem Jetsons, sem odisséias espaciais, sem apocalipses e máquinas destruídoras. Estamos, como estávamos há três dias. E seria clichê dizer que tudo passou. Aqueles fogos que, subitamente, explodiram à nossa frente, como se fosse o aviso para esquecer um pouco tudo e mergulhar nas imagens que estouravam em cores e formas. Seria clichê dizer que não choramos e não ficamos emocionados com tudo aquilo. Ficamos.
O Rio que nos acolheu, que nos fez acreditar que as músicas de Tom e Vinícius têm um sentido verdadeiro. Do calçadão de Ipanema, da Av. Vieira Souto até o bar na esquina do Leblon. Fomos acolhidos com o bem e o mal do Rio. O tour pelos arcos da Lapa, nos deixamos guiar pelo chop gelado de Copacabana, terminando num bar onde o sexo era vendido como o petisco da noite. O passeio por Ipanema e tudo se misturou. As casas velhas de Botafogo e os centros históricos. A volta pela Lagoa e seus prédios imensos. O Rio que nos acolheu como canção, como calor humano do suor ao mais belo mergulho em Ipanema.
Seria clichê dizer que o Rio colocou em todos um pedaço de si. Aquela cidade, que viveu a noite para celebrar a virada da folhinha nos deu a sensação de que poderíamos ser, como aquela canção, bacanas. Cariocas. Festejar o chop gelado e o sol de Ipanema.
Sei lá o que mudou e o que vai mudar. Agora, o que importa mesmo é deixar o clichê de lado e ir tomar uma gelada no bar Belmont do Leblon!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

For Summer Day...

Para os dias quentes, os dias de verão em que se aguarda ansiosamente por uma gota de chuva ou mesmo um vento fresco para esfriar o suor na testa, nesses dias algo estranho paira no ar. Seria os automóveis apressados para refrescarem-se em casa, ou mesmo as pessoas que se espremem dentro de um ônibus. Algo estranho, de fato, paira no ar.

Seria mesmo o feliz natal que desejamos, e se foi mesmo feliz, que isso sirva de lição. A aprendizagem metalingüística, aquela mesma que somos capazes de compreender. A virtude de se permitir momentos de felicidade. E mesmo de coração vazio, preenchê-lo com o doce sabor de um dia quente. O sentimento que vai e não volta. E as vezes em que se presta atenção naquela mulher sentada limpando o suor na testa; não exatamente cansada, mas apenas com calor.

Para os dias quentes, refrescar o pensamento com pequenas coisas. Resfriar aquilo que não mais serve como gota de chuva. O rastro, apenas o rastro daquilo que um dia foi pedido de socorro.

Para os dias quentes de verão, um pensamento, leve e frio.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

So, here we are

Eu visto duas peles. Duas roupas. Em dobro, como o pensamento mítico. Eu gosto dos mitos. Eu tenho uma visão, talvez, um pouco abalada das coisas e até mesmo posso viver da fantasia. Por isso eu uso duas peles. Poucos entenderam isso. Eu tenho a pele como ela deve ser, como eu deveria e como deveria ser a verdadeira face da negação. Não nego, mas tenho medo da afirmação; ela me traz uma verdade, engrandece o sentimento, mascara a realidade. Nego a verdade. Pelo sim, eu digo nunca, nunca mais serei o que eu fui. Será a marca? Aquele beijo na orelha, tão doce e gentil...eu arranco à força um sorriso e uma conquista, mas nego em seguida. A maldição do coração, eterno bandido, o coração e as matas nas quais eu me embrenho.
Negar.
Eu tenho duas peles. Quem vai dizer o contrário? É quase como se eu pudesse enxergar, como bonóculo, a verdade por trás da pele. O que seria mesmo isso? Sabe lá deus o que é. Nem cristo vai nos salvar. Uma bela trepada por baixo do lençol, as bolas de natal caindo pelo chão e um gorro velho, usado para limpar o...
Sim, é natal, é natal e por isso usarei minha roupa vermelha, quente, alegre...